terça-feira, setembro 24, 2013

O Dia Que Durou 21 Anos - Golpe Militar passado a limpo.

Meninas e machos!!!

Uma boa noite a todos!!!

Este material, indicado pelo obre amigo Robson Caetano está entre os mais importantes e completos relatos sobre a Ditadura Miliar no Brasil.

Divirtam-se;;;

sexta-feira, setembro 13, 2013

Texto para revisão – Flávio Bueno – 3º ano – DINATOS – COC – MIGRAÇÕES - GEOGRAFIA

Texto para revisão – Flávio Bueno – 3º ano – DINATOS – COC – MIGRAÇÕES - GEOGRAFIA

MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS X GLOBALIZAÇÃO

Os movimentos migratórios internacionais reassumem, sobretudo a partir dos anos 80, importância crescente no cenário mundial. Cenário este que, a par das grandes transformações econômicas, sociais, políticas, culturais e ideológicas em curso, tem se caracterizado por desigualdades regionais acentuadas e pela manifestação crescente de conflitos localizados, mas também pelas tentativas de constituição de mercados integrados, como a União Europeia, o Nafta, Mercosul, dentre outros.

Assim sendo, a questão da mobilidade espacial trans-nacional de pessoas e suas implicações passam a constituir dimensão inerente à relação entre população e desenvolvimento, bem como parte integrante de políticas populacionais.

A problemática das migrações internacionais contemporâneas vem constituindo, na verdade, tema de crescente interesse entre os estudiosos de população e cientistas sociais em geral. Ademais, os acordos firmados nas Conferências Internacionais da ONU nos anos 90, particularmente a Conferência de População e Desenvolvimento realizada no Cairo em 1994, vêm situando essa problemática no âmbito de ação de Estados Nacionais. Os compromissos assumidos pelos governos, neste caso, já evidenciam a necessidade de um tratamento específico, uma vez que, necessariamente, qualquer ação ou planejamento referente à questão dos movimentos populacionais internacionais dependem de acordos bi ou multilaterais, entre esses Estados. No caso dos blocos de integração econômica, outra especificidade é dada pela própria jurisdição que ancora os acordos entre os Estados Nacionais, uma vez que sempre envolvem flexibilização na circulação de mercadorias e nos fatores de produção; a livre circulação de trabalhadores passa então a constituir um corolário dos tratados, ensejando, na prática, situações tensas e conflituosas.  

Em todas as conferências recentes evidencia-se uma grande preocupação dos países com os movimentos populacionais internacionais contemporâneos, na tensão entre os condicionantes de um mundo competitivo e internacionalizado com tecnologias poupadoras de mão-de-obra, de um lado, e o avanço das conquistas de direitos humanos, em suas várias dimensões, de outro lado. Os documentos de consenso mal disfarçam os antagonismos entre os países expulsores (tendencialmente pobres) e os países receptores (tendencialmente ricos) de contingentes populacionais expressivos, tratando de formas nitidamente distintas a questão dos migrantes documentados, dos migrantes clandestinos e dos refugiados políticos, sem menosprezar o montante de remessas de divisas aos países de origem, as quais, de acordo com estimativas da ONU, só perdem para a transferência de divisas derivadas do comércio de petróleo.
O World Economic and Social Survey 2012 aponta que 230 milhões de pessoas vivem fora do país em que nasceram. Isso significa que uma em cada 35 pessoas é migrante, o que corresponde a 2,9% da população mundial. A intensidade do fenômeno pode ser elucidada levando em conta que, em 1910, o número de emigrantes era de 33 milhões, ou seja, 2,1% da população planetária.
A América do Norte passou por um relevante fluxo migratório nas últimas duas décadas, sendo que atualmente incorpora 23% do total de migrantes mundiais. Já na Europa, excluindo a ex-URSS, a porcentagem no total de migrantes permaneceu estável entre 1960 e 2000 (em torno de 18%), mas houve um sensível aumento da porcentagem em relação à população da região: passou-se de 3,3%, em 1960, para 6,4%, em 2000.
Apesar da evolução e diversificação dos destinos, segundo o Informe, as migrações internacionais continuam bastante concentradas, sendo que 75% do total de migrantes estão em 28 países (em 1960, estavam em 22 países). Nos EUA se encontra 20% do total (40 milhões), seguidos pela Rússia (13 milhões), a Alemanha (7,3 milhões), a Ucrânia (6,9%), a França e a Índia (6,3 milhões cada). 

O informe da ONU aponta também 16 países que nos 10 quinquênios - entre 1950 e 2000 - tiveram saldo migratório sempre negativo e 7 países que, nos mesmos períodos, tiveram saldo migratório positivo. Os primeiros podem ser considerados países de emigração (entre eles, México, Cuba, Bolívia, Colômbia, Bulgária, Polônia, Bangladesh e Índia) e os segundos de imigração (EUA, França, Canadá, Suécia, Israel, Austrália e Costa de Marfim). A maioria dos países, todavia, intercala saldos negativos, positivos ou saldo zero. Os países que passaram por três ou mais quinquênios com saldo migratório negativo são classificados como países de emigração, como, por exemplo, Brasil.
Segundo o informe da ONU, 63% dos migrantes residem em países desenvolvidos (110 milhões). Embora seja um fenômeno recente - a maioria dos migrantes internacionais vivia em países em desenvolvimento nos levantamentos de 1980 (52%), de 1970 (53%) e 1960 (58%) - não há dúvida de que os fluxos migratórios das últimas duas décadas estão se direcionando preferencialmente para os países economicamente mais ricos. Não é por acaso que a porcentagem de migrantes nos países desenvolvidos passou de 3,4% para 8,7% da população. 
Cabe ressaltar, contudo, que os fluxos migratórios internacionais são complexos e “voláteis”, sendo bastante comum, por exemplo, a brusca inversão de saldos migratórios ou a existência simultânea de uma forte emigração e imigração. Por exemplo, dos EUA, o principal pólo de atração do mundo, saem anualmente 200 mil cidadãos.
Quanto à perspectiva de gênero, o Informe da ONU aponta uma substancial igualdade da participação feminina e masculina nas migrações internacionais. As mulheres, que eram 46,7% dos migrantes em 1960, atualmente perfazem 48,6% do total. No entanto, o aumento da migração feminina não é universal nem homogêneo. Na Ásia, por exemplo, as mulheres passaram de 46%, em 1960, para 43%, em 2000. Na África, embora em aumento, as mulheres migrantes perfazem apenas 46,7% do total. Já houve um significativo aumento entre os anos 1960 e 2000: na América Latina, de 44,7% para 50,2%; na Oceania, de 44,4% para 50,5%; e, na Europa, de 48,5% para 51%.
No que diz respeito aos refugiados e desplazados, os últimos dados divulgados pelo ACNUR referentes ao ano 2003, calculam em 17,1 milhões as pessoas sob o cuidado da instituição, uma diminuição de 18% em relação ao ano anterior. Do total, cerca de 9,6 milhões são refugiados reconhecidos, cujo número registrou uma diminuição em todos as regiões, com exceção da África ocidental (+0,6%). Ocorreu, entre 2002 e 2003, uma sensível diminuição de refugiados na Bósnia-Herzegóvina (-108 mil), Serra Leoa, Croácia, Burundi, Somália e Timor Leste. Por outro lado, aumentaram os refugiados do Sudão (+100 mil) e da Libéria. O Paquistão é o principal lugar de acolhida, seguido pelo Irã, Alemanha, Tanzânia e Estados Unidos. 
A intensificação dos fluxos migratórios internacionais das últimas décadas provocou o aumento do número de países orientados a regulamentar e até reduzir a imigração. Os argumentos alegados não são novos: o medo de uma “invasão migratória”, os riscos de desemprego para os trabalhadores autóctones, a perda da identidade nacional e, até, o espetro do terrorismo. Não temos aqui o espaço suficiente para avaliar a legitimidade desses argumentos. Entretanto, alguns breves esclarecimentos são necessários. O supracitado Informe da Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização apresenta, de forma sucinta e clara, as vantagens decorrentes do estabelecimento de um regime multilateral para a mobilidade humana internacional:

A maioria dos países industrializados conta com uma população que envelhece e tende a diminuir, enquanto que a maioria do país em desenvolvimento conta com uma população jovem e crescente. Muitos problemas derivados do envelhecimento da população, como são a diminuição da população ativa ou as dificuldades pra financiar a seguridade social pelo crescimento dos níveis de dependência, poderiam atenuar-se mediante um incremento da imigração baseado no respeito dos direitos dos trabalhadores migrantes. Em geral, a produtividade mundial da mão de obra aumentaria com este processo, já que a migração seria de países com excedente laboral e baixa produtividade a países com alta produtividade. Isto não só beneficiaria aos próprios migrantes, como também a seus países de origem, graças ao envio de remessas de divisas, à transferência de qualificações e ao estímulo da atividade comercial que provocaria a diáspora. (…) Em resumo, ditos movimentos da mão de obra podem resultar em benefícios mútuos para o Norte e o Sul (n. 432).

Essas rápidas reflexões revelam a complexidade do fenômeno migratório e a inconsistência da estigmatização dos migrantes como responsáveis pelas crises sociais dos países de chegada. Para isso, devem ser questionadas também aquelas análises dos fluxos migratórios Sul-Norte que interpretam a decisão de emigrar como uma opção exclusiva e autônoma de indivíduos, isentando os países de recepção de qualquer responsabilidade. Essas análises, ideológicas e descontextualizadas, na realidade, omitem as influências que as dinâmicas geopolíticas e econômicas planetárias exercem nos processos decisórios dos emigrantes do Sul. De forma específica, encobrem as graves responsabilidades da crise da globalização neoliberal, sustentada pelos países do Norte, no acirramento do fenômeno migratório contemporâneo.

Acredita-se que as restrições das políticas migratórias tenham prioritariamente uma finalidade simbólica: transformar os estrangeiros em “bodes expiatórios”, encobrindo, desta forma, as reais causas das crises econômicas e/ou culturais que atingem numerosos países do Norte. É evidente que essa vitimização dos migrantes não resolve as crises, mas alimenta cada vez mais a espiral da violência.

Diante das crescentes dimensões das migrações internacionais, particularmente as latino-americanas, a CEPAL, em seu relatório já citado, expressa preocupação pela falta de proteção dos emigrantes, principalmente daqueles mais vulneráveis:

A desproteção dos migrantes representa uma grande preocupação. A existência de uma população imigrante em situação indocumentada – de magnitude estimada em mais de 6 milhões de pessoas, concentradas nos Estados Unidos —, as restrições à imigração por parte dos países desenvolvidos, com seu resultante na vulnerabilidade de muitos imigrantes, atiçada pela indocumentação e a operação de organizações dedicadas ao tráfico de pessoas, são situações que impedem o exercício de seus direitos em forma plena, preocupações que para os países da região desafiam a governabilidade. 

Infelizmente, não existe hoje uma legislação internacional sólida sobre as migrações internacionais. É o que constata o Informe “Por uma globalização justa: criar oportunidades para todos”, elaborado pela Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização: “o maior vazio da atual estrutura internacional da economia global é a ausência de um marco multilateral que regule o movimento transfronteiriço de pessoas” (n. 428). Assim, “enquanto que os direitos relativos ao investimento estrangeiro foram se reforçando cada vez mais nas regras estabelecidas para economia global, deu-se muito pouca atenção aos direitos dos trabalhadores” (n. 431).

MIGRAÇÃO NO BRASIL
A situação do estrangeiro no Brasil ainda é regida pela Lei 6815, aprovada em 1980, em plena vigência do regime militar. Superada e desatualizada, não corresponde às exigências de novo contexto migratório que caracteriza a realidade atual.  Outro importante decreto é o de nº 5,541, de 19 de setembro de 2005, que promove uma relação mais integral entre Brasil e Bolívia no trânsito de seus nacionais em seus territórios. 

Urge uma nova lei de estrangeiros ou, como preferimos dizer, lei de migrações no Brasil. Barreto, secretário geral do Ministério da Justiça afirma que “o dinamismo dos movimentos migratórios faz com que o Estatuto do Estrangeiro, editado em momento de exceção, necessite, há muito, de revisão”.  E completa sua reflexão com a máxima de que a lei sempre deve acompanhar o fator social. Em outras palavras, a realidade tem a finalidade de alertar nossas mentes para as demandas sociais e fazer evoluir o direito. Reafirma-se, pois, que o País reclama uma lei mais dinâmica, voltada à nova conjuntura. Do contrário, diz Barreto, “ainda continuaremos a tratar o estrangeiro como assunto de segurança nacional, vinculação há muito desprezada pelo próprio Direito Internacional”.

A mudança de perspectiva global no tratamento aos migrantes passa, necessariamente, pela mudança legislativa interna de países, como o Brasil, que consigam entender a problemática das migrações como uma realidade indiscutível e desafiadora, mas que, além das questões meramente controladoras, policiais e estatais, deve ser visto como uma questão social, sob o paradigma do respeito aos direitos humanos em sua totalidade.

Ao se falar de estrangeiros, imigrantes ou emigrantes, a perspectiva de proteção aos seus direitos pressupõe a compreensão do conceito de cidadão numa visão de cidadania universal, que não está vinculada e nem é sinônimo de nacionalidade. Por mais que as legislações e as posturas dos poderes constituídos possam ser cada vez mais rígidas, o ser humano migra e é levado, quando não forçado, a migrar. Esta mobilidade não justifica qualquer desrespeito aos direitos humanos, anteriores a qualquer norma positiva ou fronteira geográfica e política e os direitos culturais e sociais, que não podem ser condicionados a um único fator, qual seja o da nacionalidade.  É certo que todos e todas nós sentimos orgulho da nossa nacionalidade e dela nos advém direitos que desejamos exercer e obrigações a cumprir.  É, contudo, igualmente verdadeiro afirmar que esta – a nacionalidade - não esgota, tampouco abarca toda a amplitude da dimensão do ser humano e de sua dignidade a ser elevada aos patamares da proteção legal para assegurar-lhe o respeito aos seus direitos, independentemente do local ou país em que se encontre. São direitos de uma cidadania intrínseca ao ser humano – uma cidadania universal - que não pode ser confinada a fronteiras legais restritivas e obtusas, decorrentes de uma visão estereotipada ou parcial do próprio ser humano.

quarta-feira, setembro 11, 2013

Nelson Mandela e o regime de Apartheid na África do Sul

Por Flávio Bueno

 A palavra apartheid significa “à parte”, separação total ou "identidade separada“. No contexto da África do Sul, o termo foi utilizado para designar uma política pública oficial. Na prática, ele se referia à segregação (separação) entre brancos e não-brancos (negros e mestiços). 

O regime do Apartheid originou-se a partir das relações estabelecidas historicamente entre senhores e escravos. Sua origem remonta ao período da colonização da África do Sul. Os primeiros colonizadores bôeres ou africânderes (grupos sociais europeus que vieram da Holanda, França e Alemanha) se estabeleceram no país nos séculos XVII e XVIII; vários conflitos aconteceram, uma vez que as comunidades nativas eram obrigadas a cederem território para que as colônias holandesas fossem construídas. Essas colônias foram edificadas exclusivamente para a população branca. 

A descoberta de ouro em território sul-africano despertou o interesse dos ingleses, que, após conflito armado (guerra) com os colonos holandeses, assumiram o controle do país. Em 1910, a África do Sul foi transformada em colônia da Grã-Bretanha, com um Estado de governo autônomo e de domínio branco. Todos os negros estavam excluídos da influência política. Após a guerra dos bôeres (1899-1902), com vitória dos ingleses, é fundada a União da África do Sul em 1910; 

Brancos e negros já viviam de maneira segregada, contudo, o regime do Apartheid só foi implementado oficialmente em 1948. A população negra foi isolada em terrenos separados (reservas) da população branca. Relações entre negros e brancos ficaram proibidas, consideradas crime passível de punição. A única exceção eram os postos de trabalho. 

1948: oficialização do regime na África do Sul pelo Partido dos Nacionalistas, que ascendeu ao poder e representava os interesses das elites brancas; 

Elementos para análise e discussão: 

Legitimação e segregação:

  • · O Apartheid foi o único caso histórico de um sistema onde a segregação racial foi legitimado no âmbito nacional, apesar de inúmeras resoluções da ONU condenando o regime; 
  • · Pós 1948: auge do regime com a abolição definitiva de alguns direitos políticos e sociais que ainda existiam em algumas províncias sul-africanas e a codificação das diferenças raciais para classificar a população de acordo com o grupo social; 


Determinações do Apartheid:

  •  · Proibição da propriedade da Terra aos negros (os brancos dominaram 87% do país);
  •  · Os casamentos entre brancos e negros foram proibidos;
  •  · Os negros não podiam ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos;
  •  · Os negros não podiam residir no mesmo bairro dos brancos, sendo segregados nos bantustões a partir de 1951;
  •  · As "Leis do Passe" obrigava os negros a apresentarem o passaporte para poderem se locomover dentro do território; 


 O símbolo de uma resistência 

Nélson Mandela foi um dos líderes da resistência pacífica contra o regime do Apartheid, sendo personagem importante da história sul-africana. Nascido de uma família real africana, Mandela foi preparado para tornar-se um chefe. O líder anti-apartheid Nelson Mandela, entra para o CNA em 1944 após graduação em direito e funda a Liga da Juventude em 1952. Em 1948 o CNA inicia uma campanha de resistência pacífica contra as leis do regime; 1960: cerca de 10.000 negros queimaram seus passaportes no gueto de Sharpeville e foram violentamente; 67 negros são mortos e 180 ficam feridos, incluindo mulheres e crianças. Um estado de emergência é declarado, e o CNA, torna-se clandestino. 

 Luta Armada:
  •  · 1961: é fundada a Lança da Nação, o braço armado do CNA; 
  • · “A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.”
  •  · 1962 Mandela é preso e sentenciado a 5 anos de prisão. Acusação: incitar uma greve ilegal e sair do país sem passaporte; 

“Tenho nutrido o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam conviver em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver e que espero ver realizado. Mas, meu Senhor, se preciso for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer." 

 Sempre envolvido com atividades políticas, desde os tempos de estudante, foi membro ativo da Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, da qual se tornou presidente em 1950. Preso em 1962, Mandela foi libertado em 1990, ano que, simbolicamente, marca o fim do Apartheid. Em abril de 1994, foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul e seu mandato durou até 1999. 

O legado: 

 O legado do Presidente Nelson Mandela, sem dúvidas, ultrapassa as barreiras territoriais e sociais impostas pelo apartheid na África do Sul. Poucos estadistas conseguiram a promoção da “globalização da liberdade”, de um fenômeno mundial e midiático de comoção em prol das lutas contra preconceito racial. Unificou um país negro em torno de um esporte branco e, sobretudo, explanou o amor às diferenças e o perdão aos que tratam como indiferentes. Lutou contra a “descartabilidade” do consumo privilegiado e elitizado e da opressão que este causa nos mais desfavorecidos, mesmo com sua origem nobre. “Nunca, nunca e nunca de novo esta bela terra experimentará a opressão de um sobre o outro”, assevera “Madiba”. Ideais que se propagaram pelos quatro cantos do planeta e que deram uma lição de que um país justo é o que trata os desiguais como iguais, pois quem planta preconceito, racismo e indiferença, aqui, na África do Sul ou em qualquer espaço geográfico deste planeta teve como consequência a violência, seja ela física, ou a pior de todas, moral e social. Que o legado de Mandela seja eterno, e caso não seja, que nos inspire, que nos liberte e que nos salve desta política que favorece sempre o centro de nosso universo particular, “o umbigo”. Este é o primeiro passo rumo à superação das desigualdades que afligem nosso planeta. O exercício correto da própria consciência. 

 "Ninguém nasce odiando outra pessoa devido à cor de sua pele, à sua origem ou ainda à sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar"

Nelson Mandela

terça-feira, setembro 10, 2013

Exercícios Resolvidos - 8º ANO

CAPÍTULO 13
As raízes do subdesenvolvimento africano (Página 124)

Questões de compreensão
1. No século XX, as principais potências europeias apropriaram-se das riquezas de suas colônias. Assim, a partir do século XVI, os portugueses passaram a substituir mão de obra indígena na América pela de escravos africanos. Já no século XIX, os europeus passaram a explorar os recursos naturais no continente. Desse modo, promoveram uma maior ocupação e divisão dos territórios na África.

2. A Revolução Industrial que se desenvolvia na Europa passou a exigir cada vez mais matérias-primas, como  ferro, cobre, chumbo, algodão e borracha, recursos que passaram a ser intensamente explorados no continente africano.

3. A introdução das plantations na África provocou uma desarticulação no sistema de produção que estava  instalado no continente. Os povos que se dedicavam ao pastoreio ou à caça e à coleta de frutos para se alimentar passaram a ser empregados nas lavouras destinadas à produção de gêneros para o mercado externo, o que levou a uma drástica redução das lavouras de alimentos.

4. Os europeus impuseram sua cultura; obrigando os povos nativos a usar roupas e a mudar seus hábitos alimentares, visto que estes passaram a plantar produtos que não faziam parte de suas dietas tradicionais. Nas escolas implantadas pelos europeus, ensinava-se a língua do colonizador.

5. No colonialismo, os colonizadores exploraram o continente africano a fim de suprir suas necessidades de matérias-primas. No neocolonialismo, as nações africanas ainda dependem das relações comerciais com suas antigas metrópoles.

6. Não.Apesar de terem conquistado a independência política, os países africanos ainda mantêm uma economia  voltada ao abastecimento do mercado externo. Esses países ainda dependem das relações comerciais que  mantêm com os países europeus, para os quais continuam a fornecer matérias-primas vegetais e minerais, e  dos quais importam tecnologia e produtos industrializados.

Análise de mapas
1. O mapa A mostra a divisão dos grupos étnicos na África. O mapa B mostra a divisão política atual no continente africano.

2. Não. A partilha da África entre os países da Europa acabou desestruturando violentamente a organização política, econômica e cultural da maioria dos povos africanos, os quais, havia séculos, mantinham modos de vida muito particulares. O estabelecimento de fronteiras territoriais sem levar em conta limites territoriais  que já existiam entre os grupos étnicos e a introdução de atividades agrícolas (plantations) e de mineração  geraram grandes conflitos e problemas sociais naquele continente.

 3. Pode-se dizer que grande parte dos conflitos étnicos deve-se à reorganização do espaço africano pelos colonizadores europeus, que se caracterizou, especialmente, pela exploração e pelo desrespeito às necessidades dos povos que habitavam o continente antes da colonização.


CAPÍTULO 14
A apropriação do espaço geográfico na África (Página 134)

Questões de compreensão
1. Muitas áreas de clima árido, no deserto do Saara, sobretudo no Egito e na Líbia, são utilizadas para a atividade agrícola, o que se tornou possível mediante a aplicação de recursos avançados de irrigação e de adubação  do solo.

2.  Os oásis, verdadeiras ilhas úmidas existentes nos desertos, são muito aproveitados pelos povos que vivem  nessas áreas, pois permitem o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Neles, são cultivados gêneros como frutas e hortaliças e são realizadas pequenas criações de animais. Por isso, os oásis são tão importantes para os povos que vivem no deserto.

3.  Na África Islâmica, a agropecuária é bastante influenciada pelas características naturais da região, sobretudo  pela existência do deserto do Saara. De maneira geral, as atividades agropecuárias na África Islâmica destinam-se, em grande parte, à subsistência. Já na África Subsaariana, há predomínio das monoculturas comerciais, cuja produção destina-se à exportação.

4.  A variedade de climas que atuam na África do Sul possibilita a grande diversificação da produção agrícola, com o  cultivo de lavouras típicas de clima subtropical, como o vinho e a oliveira; do clima temperado, como o trigo e o  centeio; e do clima tropical, como o café, a cana-de-açúcar e o milho.

5.  Na África Subsaariana, convivem, lado a lado, uma agricultura monocultora comercial, desenvolvida em grandes  propriedades rurais, e uma agricultura de subsistência, realizada por comunidades que exploram a terra de  forma coletiva.As principais implicações dessa estrutura fundiária desigual são os conflitos entre a população  nativa e os fazendeiros, em decorrência das disparidades na produção agropecuária e no uso da terra.

6.  A "exploração" do território africano ocorreu tanto com os colonizadores europeus, no passado, como com  as companhias mineradoras de origem norte-americana, europeia e japonesa, que hoje atuam na África. Eles  foram atraídos pela abundância de jazidas minerais existentes no continente, como as reservas de ferro,  cobre, ouro, diamante e petróleo.

7. O desenvolvimento de culturas de subsistência e do pastoreio tem intensificado o desmatamento, principal-  mente na região do Sahel, Com os solos desprotegidos, os processos erosivos intensificam-se, causando a  desertificação de muitas áreas. Esse fenômeno também vem se agravando por causa da construção excessiva  de poços artesianos, que estão exaurindo rapidamente os lençóis subterrâneos. Sem água ou solo para plantar; as famílias acabam abandonando as aldeias e migram para as grandes cidades da região ou para outras áreas  de estepes.

8.  A fome na África está ligada a um conjunto de fatores que leva sua população a apresentar quadros alarmantes  de subalimentação. Esse flagelo deve-se tanto à expansão das monoculturas de exportação, o que provoca  a diminuição na oferta de alimentos, quanto à utilização de solos pouco férteis e suscetíveis aos processos  erosivos, como aqueles encontrados nas áreas de florestas e savanas. Os conflitos naquele continente também contribuíram para o agravamento do problema, já que muitas guerrilhas destroem lavouras e matam rebanhos na tentativa de fragilizar o inimigo.
Análise de dados e relatório
Quadro I - savana; quadro II - floresta tropical e equatorial; quadro III - desertos.

 CAPÍTULO 15
Indústria, urbanização e movimentos populacionais na África (Página 142)

   Questões de compreensão
1. A África do Sul é um país de industrialização tardia, como o Brasil, o México e a Argentina. Sua produção industrial é expressiva e diversificada, com destaque para os setores automobilístico, siderúrgico, químico e alimentício.

 2.  Dois fatores principais explicam o reduzido desenvolvimento da atividade industrial na África: a existência  de um mercado consumidor bastante restrito, já que a maioria da população vive em estado de pobreza, e  a falta de interesse dos empresários locais e das multinacionais em investir na implantação de indústrias. As empresas multinacionais remetem os lucros obtidos para seus países de origem, não investindo na estrutura  industrial dos países africanos; além disso, pagam baixos salários aos trabalhadores locais.

3. Muitos dos recursos que os países da África recebem como ajuda externa acabam sendo desviados para fins militares, como compra de armamentos, ou pela corrupção, que enriquece políticos, reis e presidentes.

4.  A intensificação do processo de urbanização na África, nas últimas décadas, está ligada aos intensos fluxos  de migrantes rurais, que têm deixado o campo em razão, principalmente, do empobrecimento dos solos, do  avanço das monoculturas sobre as áreas comunais e dos conflitos étnico-tribais, Sem os postos de trabalho  e a infraestrutura necessários para acolher os migrantes, as favelas proliferam nos grandes centros urbanos  da África.

 5. O norte da África, por ser uma região dominada pelo clima desértico, apresenta um povoamento bem inferior  ao do restante do continente. Com isso, as atividades econômicas desenvolvidas nesse espaço também são bastante limitadas, pois a atividade agrícola é pouco desenvolvida e a rede de transportes é muito incipiente.  Portanto, a organização do espaço geográfico daquela região está diretamente relacionada às suas características naturais.

6. Muitos africanos, nas últimas décadas, emigraram, sobretudo para a Europa, em busca de asilo político, trabalho e melhores condições de vida. A maioria deles, no entanto, vive na clandestinidade, trabalhando em subempregos e sofrendo uma forte discriminação por parte dos europeus. As migrações acabam levando os países africanos a perder um contingente populacional que poderia estar trabalhando e gerando riquezas em seus países de origem.

7. Verifique as relações estabeleci das pelos alunos entre os aspectos citados.
Construção e análise de gráfico















As informações descritas nos quadros referem-se aos seguintes períodos da evolução demográfica da África:  1920-1969 (quadro A); 1850-1920 (quadro B); 1969-2008 (quadro C); 1650-1850 (quadro D).