terça-feira, março 03, 2015

Crônica do Dia... Quando a sociedade irá atingir o auge da estupidez? Quando aplaudimos os mais terríveis crimes contra a dignidade humana.

Crônica do Dia...

Quando a sociedade irá atingir o auge da estupidez?
Quando aplaudimos os mais terríveis crimes contra a dignidade humana.

Pois é, volta logo Neandertal... Deu merda na dita evolução...

por Professor Flávio Bueno​

Em um país onde a cada 12 segundos uma mulher é violentada, um idiota que sempre falou através do órgão excretor (não encontrei um adjetivo condizente com tamanha estupidez) assume um crime hediondo em rede nacional e é aplaudido, de pé diga-se. A violência de gênero é um reflexo direto da ideologia patriarcal, que demarca explicitamente os papéis e as relações de poder entre homens e mulheres, que pelo visto está longe de ter seu fim. Vale ressaltar que a partir da sanção da Lei n° 12.015, de 7 de agosto de 2009, o estupro [(Estupro é definido no Código Penal Brasileiro como um crime de ação pública, que consiste no ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” (CP, art. 213).] passou a ser um crime contra a dignidade e liberdade sexual.
A turba que compunha a plateia do programa achou hilária a afirmação do engodo bípede (apesar de eu ter minhas dúvidas sobre sua racionalidade) que manteve relações sexuais com uma mulher desacordada, fruto de sua própria violência e preconceito. (Digno de um ser humano que regozija as mais impuras vertentes dos conceitos, pra lá de duvidosos, de circunspeção e integridade, vide seu histórico de agressões às mulheres). Vergonhoso, lamentável, espúrio e asqueroso.

Não... isso não é normal. Não pode ser normal. Não no meu mundo.

Apesar de ter a mais notável das mulheres em minha casa (minha mãe), aprendi com meu pai que toda valorização aos seres do sexo feminino são irrelevantes perto do que elas realmente merecem (sem demagogia e falso altruísmo).

Hoje, coincidência ou não, estava trabalhando Direitos da Mulher em sala, e meus queridos alunos perceberam, com notável facilidade, o quão distante estamos de políticas justas para com as mulheres. E digo mais... isso ocorre aqui e em muitos países ditos evoluídos e de 1º mundo. Alguns sequer reconhecem a licença maternidade como um benefício inquestionável. Lá todos devem nascer de chocadeira, no mínimo. Estima-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população feminina sofre violência sexual, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais menos de 10% são reportados à polícia. Nos Estados Unidos, segundo Tjaden e Thoennes (2006), 0,2% dos indivíduos sofrem estupro a cada ano (0,3% mulheres e 0,1% homens) e estima-se que a taxa de notificação à polícia seja de 19,1%. Um dado que revela  que no país que detêm o maior PIB do planeta cerca de 65,2 mil pessoas são violentadas todos os anos.

Questiono qual a diferença do tratamento à mulher de nossa sociedade aos extremismos contra a feminilidade que temos nas áreas mais marginalizadas do planeta? Em um país onde parlamentares (com mais de 400 mil votos) afirmam que as mulheres deveriam ganhar menos do que os homens, pois geram prejuízo aos empresários não se pode esperar nada diferente, não é mesmo?
Clamo às mulheres deste país mais participação e aprofundamento social e político. Não caiam no conto do vigário machista e inescrupuloso que fornece um tratamento repugnante, imoral, indecoroso, desonrado as que merecem toda nossa dedicação e carinho.

Não...  NENHUMA... mulher merece ser estuprada, nem aquela que gerou este resto de placenta que proferiu tamanhos impropérios, da qual me nego em escrever o nome. Por favor... Isso não é digno de aplausos e sim de cadeia... Lá ele aprende que uma mulher não deve ser violentada sob qualquer justificativa. É o código de ética do presídio.

Não é possível interpretar tão mal os ensinamentos de meus pais. Este é um quadro que revela uma grave doença coletiva, de uma sociedade em estágio pré-civilizatório. Aliás, até um Neandertal trataria mulher com mais respeito e dignidade do que este irracional.